Artigo científico publicado pela RAE (Revista de Administração de Empresas) no ano de 1992. Este, elaborado por Thomaz Wood Jr – engenheiro químico pela UNICAMP –, na época, mestrando em Administração de Empresa da EAESP/FGV.
Wood Jr. desenvolveu seu artigo científico em três metáforas: Fordismo, Toyotismo e Volvismo; e procurou apresentar de forma objetiva as ideias desses modelos adotados nas indústrias automobilísticas a partir da década de 70.
Fordismo – A produção em Série
Segundo Wood Jr., o Fordismo foi associado à metáfora das máquinas. A rotina nas fábricas sofreram mudanças de horários mais rígidos, rotinas predefinidas, tarefas repetitivas e estreito controle, para atingir com êxito a denominada produção em série de Henry Ford. Que além de visar o aumento da produção, reduziu os custos das matérias-primas e melhorou substancialmente a qualidade ao padronizar uma linha de produção com um único modelo de automóvel. O conceito-chave da produção em massa não era uma ideia de linha contínua, como muitos pensavam, e sim a completa consistente intercambiabilidade de partes e a simplicidade de montagem. Em geral, não só foi bem visto pelas empresas como também pela sociedade, da qual antes somente ricos tinham a possibilidade de adquirir um carro, após a implantação do Fordismo, todos passaram a ter acesso a veículos, inclusive o modelo “FordBigode” (ilustrado na imagem acima), foi o mais vendido do século XIX.
Organizações como Organismos: Toyota – ascensão da produção flexível
Já o sistema Toyota foi associado à metáfora do organismo, por Wood Jr. Este sistema implantado após a Segunda Guerra Mundial por Eiji Toyoda (empresário) e Taiichi Ohno (engenheiro mecânico), onde realizaram adaptações à montadora Toyota, após a visita de Toyoda as instalações da Ford em Detroit que voltou ao Japão com novas ideias de que "havia algumas possibilidades de melhorar o sistema de produção" e coloco-as em prática com a ajuda de Ohno – ideias que visavam à flexibilidade da produção. Os dois contrariam o modelo Fordista antes apresentado, que produzia muito e estocava pela produção em série sem pensar na demanda. Criou-se então o sistema Toyotismo com uma série de inovações técnicas resumidas em produzir somente o necessário, reduzindo ao máximo os estoques possíveis – pois lotes menores garantiam um nível de qualidade superior ao sistema de Ford, já que era mais fácil a identificação de falhas e os lucros eram maiores –, satisfazer as necessidades do consumidor, criar uma maior oferta de modelos e se adaptar as mudanças tecnológicas... Para estas implantações, fora necessário aproximadamente 20 anos.
Organizações como Cérebros – Volvo : o caminho da flexibilidade criativa
De acordo a visão do autor, ainda como metáfora, o modelo Volvo é como um cérebro. Esta metáfora apresenta as características de um holograma, que pode ser definida da seguinte forma: faz o todo em cada parte, criar a conectividade e redundância, cria a simultaneamente a especialização e a generalização e cria a capacidade de auto-organização. Seus experimentos, se assim, os podemos denominar, chamam atenção por desafiarem os princípios Fordistas e Toyolistas. O sistema Volvismo há um grande investimento no trabalhador, em treinamentos e aperfeiçoamento, no sentido que consiga produzir por completo um automóvel, ter domínio de todas as etapas, além da valorização da criatividade e o trabalho coletivo, a preocupação da empresa com o bem do funcionário, saúde física e mental. Adequou-se sua estratégia a dois fatores fundamentais: a internacionalização da produção e a democratização da vida no trabalho. O objetivo da Volvo é projetar um trabalho tão ergonomicamente perfeito, que torne os operários mais saudáveis a fins de aumentar a produtividade, reduzir custos e produzir com mais qualidade.
Conclusão
Os modelos de administração se moldam de acordo as exigências deste ambiente mutável e diferenciado necessitado de inovação para se manter e crescer. Por isso vimos e veremos constantemente novos modelos; sendo considerados por Wood Jr. os modelos revolucionários no século XX: Fodismo (Máquina), Toyotismo (Organismo) e Volvismo (Cérebro), onde o mesmo procurou traçar uma linha evolutiva entre esses três "ismos", fornecendo uma visão clara sobre os sistemas que mudaram as rotinas das indústrias naquele século, que estão apontadas para a organização do futuro. Mas, diferente de Peter Druker que comparava o modelo de organização a uma orquestra sinfônica – combinação de alta especialização individual como coordenação e sincronismo temperados por um caráter artístico –; Wood Jr., assim como alguns outros autores, comparou o modelo de organização do futuro a uma banda de jazz – uma forma musical surgida no nosso século, caracterizada pela utilização de escalas africanas com harmonias europeias, pela pequena ou quase nenhuma importância do maestro, este, substituído pela primazia do senso comum, pelo pequeno porte, pela produção de uma música marcada pela existência de padrões mas com enorme espaço para improvisação individual e coletiva, pela valorização dos músicos, principalmente, pelo prazer da execução.
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Referência Bibliográfica
WOOD Thomaz Jr. FORDISMO, TOYOTISMO E VOLVISMO: OS CAMINHOS DA INDUSTRIA EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO. Engenheiro Químico pela UNICAMP, Mestrando em Administração de Empresas da EAESP/FGV e Profissional do Setor Fibras e Polímeros da Rhodia S.A. (Revista de Administração de Empresas) São Paulo,1992.